“Anima Mea
Estava a Morte ali, em pé, diante,
Sim, diante de mim, como serpente
Que dormisse na estrada e de repente
Se erguesse sob os pés do caminhante.
Era de ver a fúnebre bachante!
Que torvo olhar! que gesto de demente!
E eu disse-lhe: ‘Que buscas, impudente,
Loba faminta, pelo mundo errante?’
– Não temas, respondeu (e uma ironia
Sinistramente estranha, atroz e calma,
Lhe torceu cruelmente a boca fria).
Eu não busco o teu corpo... Era um troféu
Glorioso de mais... Busco a tua alma –
Respondi-lhe: ‘A minha alma já morreu!’.”
*Antero de Quental*
Em “Sonetos, (antologia), org. José Lino Grunewald”, Rio de Janeiro,
Editora Nova Fronteira, 1ª Edição, 1991.
Estava a Morte ali, em pé, diante,
Sim, diante de mim, como serpente
Que dormisse na estrada e de repente
Se erguesse sob os pés do caminhante.
Era de ver a fúnebre bachante!
Que torvo olhar! que gesto de demente!
E eu disse-lhe: ‘Que buscas, impudente,
Loba faminta, pelo mundo errante?’
– Não temas, respondeu (e uma ironia
Sinistramente estranha, atroz e calma,
Lhe torceu cruelmente a boca fria).
Eu não busco o teu corpo... Era um troféu
Glorioso de mais... Busco a tua alma –
Respondi-lhe: ‘A minha alma já morreu!’.”
*Antero de Quental*
Em “Sonetos, (antologia), org. José Lino Grunewald”, Rio de Janeiro,
Editora Nova Fronteira, 1ª Edição, 1991.
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