sábado, 4 de novembro de 2017

Olhos Negros

Por teus olhos negros, negros,
Trago eu negro o coração,
De tanto pedir-lhe amores...
E eles a dizer que não.

E mais não quero outros olhos,
Negros, negros como são;
Que os azuis dão muita esperança,
Mas fiar-me eu neles, não.

Só negros, negros os quero;
Que, em lhes chegando a paixão,
Se um dia disserem sim...
Nunca mais dizem que não.


*António Patrício*

Em “Cinco séculos de Sonetos Portugueses de Camões a Fernando Pessoa 
(organização, apresentação e ensaios Cleonice Berardinelle)”, Rio de Janeiro, 
Editora Casa da Palavra Produção Editorial, 1ª Edição, 2013.

Nenhum comentário: