“Suavidade
Pousa a tua cabeça dolorida
Tão cheia de quimeras, de ideal,
Sobre o regaço brando e maternal
Da tua doce Irmã compadecida.
Hás-de contar-me nessa voz tão qu'rida
A tua dor que julgas sem igual,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.
E hás-de adormecer nos meus joelhos...
E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão-de fazer-se leves e suaves...
Hão-de pousar-se num fervor de crente,
Rosas brancas tombando docemente,
Sobre o teu rosto, como penas de aves...”
*Florbela Espanca*
Em “Obras Completas de Florbela Espanca”, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1ª Edição, 1985.
Pousa a tua cabeça dolorida
Tão cheia de quimeras, de ideal,
Sobre o regaço brando e maternal
Da tua doce Irmã compadecida.
Hás-de contar-me nessa voz tão qu'rida
A tua dor que julgas sem igual,
E eu, pra te consolar, direi o mal
Que à minha alma profunda fez a Vida.
E hás-de adormecer nos meus joelhos...
E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão-de fazer-se leves e suaves...
Hão-de pousar-se num fervor de crente,
Rosas brancas tombando docemente,
Sobre o teu rosto, como penas de aves...”
*Florbela Espanca*
Em “Obras Completas de Florbela Espanca”, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1ª Edição, 1985.
2 comentários:
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Não se chora...
"Não se chora apenas
com a noite estendida sobre o sono dos homens,
com o silêncio pulsando em poros de imperceptíveis silvos
trêmulos, sussurrantes, urdindo a trama de inúmeros aléns.
Não se chora apenas
com a solidão concentrada em firmes bosques,
num chão de sombras por onde as lágrimas se embebam,
e nem a palidez das estrelas
seja um breve indício de presença.
Não se chora sempre
de cara virada para um tranquilo muro.
Nem sempre se pode dizer:
é da ausência, é da noite,
é do silêncio, é do deserto...
da planície vazia, do mar fatigante,
do assombro enorme da treva...
Chora-se em pleno dia, à luz do sol,
diante do mundo povoado.
Caem lágrimas em pedras quentes, com borboletas,
flores, gorjeios, nuvens brancas, moças cantando,
janelas abertas, ruas alegres.
Alguma coisa em nós é maior e mais grave que as
expansões da vida, alguma coisa é maior que
o candelabro azul do dia com flores, pássaros,
canções entrelaçados nos seus doze braços.
Nem é de nós, nem nos pertence.
Sentimos que é da terra e dos homens,
da desordem do tempo,
da espada das paixões sobre o peito do sonho."
Cecília Meireles
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Trechos de: “A vida verdadeira”
Pois aqui está a minha vida.
Pronta para ser usada.
Vida que não guarda
nem se esquiva, assustada.
Vida sempre a serviço da vida.
Para servir ao que vale
a pena e o preço do amor
Ainda que o gesto me doa,
não encolho a mão: avanço
levando um ramo de sol.
Mesmo enrolada de pó,
dentro da noite mais fria,
a vida que vai comigo
é fogo: está sempre acesa.
(...)
Por isso é que agora vou assim
no meu caminho. Publicamente andando
Não, não tenho caminho novo.
O que tenho de novo
é o jeito de caminhar.
Aprendi
(o que o caminho me ensinou)
a caminhar cantando
como convém a mim
e aos vão comigo.
Pois já não vou mais sozinho.
(...)
Vida, casa encantada,
onde eu moro e mora em mim,
te quero assim verdadeira
cheirando a manga e jasmim.
Que me sejas deslumbrada
como ternura de moça
rolando sobre o capim.
Vida, toalha limpa
vida posta na mesa,
vida brasa vigilante
vida pedra e espuma
alçapão de amapolas,
sol dentro do mar,
estrume e rosa do amor: a vida.
Há que merecê-la!
Thiago de Mello
Estimada Elaine,
Agradecida pelas palavras.
Estarei ausente por alguns dias.
Fique com Deus e com o meu
carinho de sempre.
Fraterno abraço!
“Escolhe teu diálogo e tua melhor palavra
ou teu melhor silêncio. Mesmo no silêncio
e com o silêncio dialogamos.”
Carlos Drummond de Andrade
BIluminado!
Estou a esperar...
Bravo, bravíssimo!... Cecília é monumental!... Incomparável!
Thiago de Mello... Carlos Drummond de Andrade, Grandes!...
Abraços longos e fraternos.
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