“A Chuva Lenta
Esta água medrosa e triste,
como criança que padece,
antes de tocar a terra,
desfalece.
Quieta a árvore, quieto o vento,
e no silêncio estupendo,
este fino pranto amargo,
caindo!
O céu é como um imenso
coração que se abre, amargo.
Não chove: é um sangrar lento
e longo.
Dentro de casa, os homens
não sentem esta amargura,
este envio de água triste
da altura;
Este longo e fatigante
descer de águas vencidas,
até a Terra jacente
e transida.
Chove... e como um chacal trágico
a noite espreita na serra.
Que vai surgir na sombra
da Terra?
Dormireis, enquanto fora
cai, sofrendo, esta água inerte
esta água letal, irmã
da Morte?”
*Gabriela Mistral*
Em "GABRIELA MISTRAL & CECÍLIA MEIRELES", Rio de Janeiro,
Academia Brasileira de Letras e Academia Chilena de La Lengua/Santiago de Chile, 2003.
Esta água medrosa e triste,
como criança que padece,
antes de tocar a terra,
desfalece.
Quieta a árvore, quieto o vento,
e no silêncio estupendo,
este fino pranto amargo,
caindo!
O céu é como um imenso
coração que se abre, amargo.
Não chove: é um sangrar lento
e longo.
Dentro de casa, os homens
não sentem esta amargura,
este envio de água triste
da altura;
Este longo e fatigante
descer de águas vencidas,
até a Terra jacente
e transida.
Chove... e como um chacal trágico
a noite espreita na serra.
Que vai surgir na sombra
da Terra?
Dormireis, enquanto fora
cai, sofrendo, esta água inerte
esta água letal, irmã
da Morte?”
*Gabriela Mistral*
Em "GABRIELA MISTRAL & CECÍLIA MEIRELES", Rio de Janeiro,
Academia Brasileira de Letras e Academia Chilena de La Lengua/Santiago de Chile, 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário