sexta-feira, 7 de junho de 2013

Poema
                               
Para isso vim...
Não, não foi para isso que cheguei.

Vim para dar-te o pássaro, inédito de vôos,
que há em mim.

Vim para secar o pranto
desse alguém que não és, mas que sonhei.

Vim para ver-te como queria que fosses
− tão indizível em mim. Tão indizível!

Vim para o refúgio da noite
e o doloroso presságio das manhãs.
Vim − campo, rosa, nuvem, pedra,
rio adormecido, luz.
 
Para isso vim e perdi-me.
”      

*Lara de Lemos*

Em "Lara de Lemos - Antologia Poética (seleção e estudo crítico de Volnyr Santos)", 
Lajeado/RS,  Editora: WS (Coleção Autor!Autor!), 1ª Edição, 2002.

2 comentários:

Brilho disse...

Compartilho...

O que amamos está sempre longe de nós

O que amamos está sempre longe de nós:
E longe mesmo do que amamos—que não sabe
De onde vem, aonde vai nosso impulso de amor.

O que amamos está como a flor na semente,
Entendido com medo e inquietude, talvez.
Só para em nossa morte estar durando sempre.

Como as ervas do chão, como as ondas do mar,
Os acasos se vão cumprindo e vão cessando.
Mas, sem acaso, o amor límpido e exato jaz.

Não necessita nada o que em ti tudo ordena:
Cuja tristeza unicamente pode ser
E equívoco do tempo, os jogos da cegueira

Com setas negras na escuridão.

Cecília Meireles.
in "Solombra"
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Serenidade

Há muito tempo, Vida, prometeste
trazer ao meu caminho uma doida alegria
feita de espírito e de chama,
uma alegria transbordante, assim como esse
alvo clarão que se irradia
da orla festiva das enseadas,
e entre reflexos de ouro se derrama
do cântaro das madrugadas.

Eu, que nasci para um destino manso
de coisas suaves, silenciosas, imprecisas,
e que fico tão bem neste obscuro remanso
onde apenas se infiltra um perfume de brisas,
imagino a tremer: que seria de mim
se essa alegria esplêndida, algum dia,
houvesse surpreendido a minha inexperiência!…

A vida me iludiu, mas foi sábia na essência.

Minha alegria deveria ser assim:
Pequenina doçura delicada,
gota de orvalho em pétala de flor,
sempre serena lâmpada velada
que me diluísse as brumas do interior.

Sempre serena lâmpada velada,
símbolo do meu sonho predileto…
Se amanhã tu penderes do meu teto
aureolando minha última ilusão,

- para que eu viva em teu amor e em tua paz,
deixa um rastro de sombra pelo chão…
É nesta sombra que hei de me esconder
quando sentir a falta que me faz
a outra alegria que não pude ter!

Henriqueta Lisboa
in "Velário"



Estimada Elaine,
Agrada-me saber que tens apreciado as mensagens.
Desejo-lhe aquecido final de semana.

Calorosos abraços!

PS:. Gripei com os "abraços chuvosos"... Me fez rir...rs

Elaine Bastos disse...

Só alegrias com as suas partilhas!!!