domingo, 4 de julho de 2021

 “JABUTICABAL (I)
 
O Criador, vendo que  a terra era boa,
plantou um jardim
de jabuticabeiras
nas terras roxas
de São Paulo
da banda Oeste.
 
e mandou que viessem o homem e a mulher, tomassem da terra
e gerassem filhos.
 
E vieram:
Pinto Ferreira e sua mulher.

Os Pintos...
Avenida Pintos,
a dádiva da Posteridade do velho fundador
que doou o Patrimônio nos idos do passado.
Antiga Fábrica de Nossa Senhora do Carmo de Jabuticabal, A igreja, o Vigário
sendo o Fabriqueiro.
Antigo administrador dos Bens Patrimoniais da Capela levantada.
Vieram os homens escuros e derrubaram a mata, espantaram as feras.
Depois chegaram os colonos de olhos claros e cabelos cor de palha, suas
mulheres sacudidas de ancas fecundas,
e largas maternidades e deram-se à nova terra determinados,
 de um labor fecundo.
 
Semearam filhos
 e semearam a gleba
e cresceu o cafezal com suas floradas de esperança e seus frutos vermelhos.
Uma nova floresta ordenada e ritmada se estendeu, e cobriu Jabuticabal.
Através do tempo e das gerações a terra teve donos.
Comprada, requerida, apossada.
Multiplicada de heranças Inventários
Partilhas subpartilhas.
Medições, demarcações.
Fazendas, fazendeiros Sítios, sitiantes
Lavouras que se estendiam na grande comarca que ia até as extremas de Minas e Goiás.
Através do tempo desmembrada em novos segmentos de novas jurisdições.
E o café enegreceu os terreiros, atulhou as máquinas, armazéns e depósitos.
derramou-se das tulhas.
As Estradas de Ferro avançaram e as rodagens se estenderam transportando o
granel para os portos e terminais.
Era o Rei Café, opulento ou rastejante, dando demais ou tirando tudo num
passe de sua magia negra.
Foi e voltou.
Queimado e arrancado.
Plantado de novo.
Extravasou seus limites.
Paraná, Mato Grosso,
Minas, Goiás, Amazonas.
Derrubado e plantado numa gestação  de riqueza fácil,
continua ele a grande vertente da prosperidade nacional.

Jabuticabal (II)

Cafezal.
Canavial.
Algodoal.
Laranjal.
Rosal. Roseiral.
Cidade das Rosas.
Terra de meus filhos
onde fiz meu duro
aprendizado de vida
e relembro sempre
amigos e vizinhos
incomparáveis.

Para eles esta página
de humilde gratidão.


*Cora Coralina*
(pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas)
Em “MEU LIVRO DE CORDEL”, São Paulo, Global Editora, 11ª Edição, 2009.

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