“Idílio
Senhor, perdoa que eu não te procure
nos teus dias de abundância e de púrpura.
Perdoa que eu não esteja presente
aos teus rituais de luz e incenso.
Perdoa que não me associe à turba
quando és aclamado nas praças públicas.
E que nunca tenha sido
porta-estandarte das tuas insígnias.
Não é que me envergonhe de Ti, Senhor...
Foste tu mesmo que me deste esse pudor
pelas cousas que se oferecem à claridade.
Não sei cantar em altas vozes.
Não sei expandir-me das cores fulgurantes.
Amo em silêncio, como as monjas...
Da penumbra, como os que amam sem esperança...
Com extremas delicadezas,
como se o meu amor estivesse para morrer.”
*Henriqueta Lisboa*
Em “Henriqueta Lisboa: Obra completa, Volume I”, São Paulo, Editora Peirópolis, 1ª edição, 2020.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021
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