domingo, 1 de maio de 2016

A Rosa

Levo de ti a rosa de todos os meus mundos
batendo na memória como o velho ruído do mar.
Levo essa fôrça para em todos os segundos
ser o gesto que deve a minha alma amparar.
As raízes são vida sob a terra,
as palavras são flôres sob o tempo.
Com a rosa não sentirei o nojo que encerra
o pecado sem o nobre sentimento.
Levo de ti, o nítido cunho da morte
que enaltece minha vida
porque tua ausência foi o corte
de tôda a amplitude conhecida.
Só, acompanhada de tumultos,
guardo a rosa
que o pó ofereceu em troca de insultos.


*Adalgisa Nery*
Em “MUNDOS OSCILANTES – POESIAS COMPLETAS”, Rio de Janeiro, 
Livraria José Olympio Editôra S.A., 1ª Edição, 1962.

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