domingo, 29 de maio de 2016

Horas

Tem cada hora uma decifração.
As horas fallam e teem gestos, côres.
Na hora da manhã − vê que esplendores! −
é diferente a sua vibração.

Repara bem na hora dos amores.
E’ um coração com outro coração.
Tem a hora maior palpitação.
Tem vida, movimentos e langores.

E’ cada hora um livro, e cada qual
da sua forma o lê: ou bem ou mal.
Horas que vão e que não voltam mais!

Para mim há só duas. Males... bens...
E’ a hora doirada em que tu vens,
e a hora dolorosa em que te vaes.


*Virgínia Villa-Nova de Sousa Vitorino*
Em “NAMORADOS”, Rio de Janeiro, Editora Livraria H. Antunes, 14ª edição, 1943.
(grafia da época)

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