domingo, 29 de maio de 2016

Quando Te Vi

A manhã era clara, refulgente.
Uma manhã doirada. Tu passaste.
Abriu mais uma flôr em cada haste.
Teve mais brilho o sol, fez-se mais quente.

E eu innundei-me d’essa luz ardente.
Depois não sei mais nada. Olhei... olhaste...
E nunca mais te vi. − Extranho contraste! −
A madrugada transformou-se em poente.

Luz que nasceu e apenas scintillou!
Deixou-me triste assim que se apagou,
A’s vezes fecho os olhos; vejo-a ainda...

E ha tanto sol doirando esses trigaes!
Olhaste, olhei, fugiste... Ai, nunca mais,
nunca mais tive outra manhã tão linda!


*Virgínia Villa-Nova de Sousa Vitorino*
Em “NAMORADOS”, Rio de Janeiro, Editora Livraria H. Antunes, 14ª edição, 1943.
(grafia da época)

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