domingo, 22 de maio de 2016

Drama eterno

Caminheira do Ideal, em vão busquei
O que tantos em vão têm buscado.
Sonhadora do Bem, nunca encontrei
Os sonhos que a sorrir tinha sonhado.

Sedenta de Beleza, os passos dei
Que, antes de mim, já outros tinham dado.
E errassem os caminhos que eu errei!
Viram também seu sonho naufragado!

Há-de ser sempre assim, eternamente!
Querer partir as grades, loucamente,
E esbracejar numa impotência triste…

Desde que o mundo é mundo − o mesmo drama!
O mesmo procurar de sóis na lama!
E o mesmo anseio do que não existe!


*Florbela Espanca*
Em “Poemas Inéditos Os Últimos Poemas de Florbela Espanca”,
Lisboa, Edições Nova Acrópole, 1ª Edição, 2014.

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