domingo, 27 de março de 2016

Chuva

II

A chuva canta. Que tristeza imensa
num fio tênue de água se condensa!
E as fontes choram no jardim, lá fora.
Porque a água sempre, quando canta, chora?

Se ela estivesse aqui... Se ela viesse
escutar o seu nome
que meus lábios toma a forma de uma prece...

Se ela soubesse quanto me consome
a sua ausência, que é uma tarde fria,
ela, decerto, voltaria...

E se ela aqui voltasse,
eu não diria que essa chuva é pranto,
nem que esse pranto me põe rugas pela face...

Porque se ela voltasse, eu cantaria tanto,
que as lágrimas da chuva cessariam
e as fontes no jardim se calariam
para ouvir a alegria do meu canto!


*Onestaldo de Pennafort*
Em “Poesia”, Rio de Janeiro, Editora Record, 1ª Edição, 1987.

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