domingo, 20 de março de 2016

Chuva de estrêlas

Li uma vez em páginas antigas
Que se uma estrêla cai do céu clemente,
Concede tudo o que lhe pede a gente.
Como as estrêlas são nossas amigas!

Por isso agora, insone e sem fadigas,
Fito os céus tôda a noite atentamente.
Chovem estrêlas... E eu: − ‘Astro fulgente,
Que eterno o nosso amor predigas!

− Faze-me bom! Conserva-lhe a doçura!
− Estrêla, dá-nos paz! serenidade!
− Que a nossa filha seja linda e pura!’

Doiradas ambições! Como dizê-las,
Se elas são tantas?! Deus, por piedade,
Manda que caiam tôdas as estrêlas!


*Marcelo Gama*
Em “VIA SACRA E OUTROS POEMAS”, Rio de Janeiro, 
Edição da SOCIEDADE FELIPPE D'OLIVEIRA, 1ª Edição, 1944.