domingo, 19 de abril de 2015

Prince Charmant

No lânguido esmaecer das amorosas
Tardes que morrem voluptuosamente
Procurei-O no meio de toda a gente.
Procurei-O em horas silenciosas

Das noites da minh’alma tenebrosas!
Boca sangrando beijos, flor que sente…
Olhos postos num sonho, humildemente…
Mãos cheias de violetas e de rosas…

E nunca O encontrei!… Prince Charmant
Como audaz cavaleiro em velhas lendas
Virá, talvez, nas névoas da manhã!

 Ah! Toda a nossa vida anda a quimera
Tecendo em frágeis dedos frágeis rendas…
− Nunca se encontra Aquele que se espera!…


*Florbela Espanca*
Em “Sonetos”, Lisboa, Editora Europa-América, 4ª Edição, 1985, pág. 86.

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