“O meu orgulho
Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera
Não me lembrar! Em tardes dolorosas
Eu lembro-me que fui a Primavera
Que em muros velhos fez nascer as rosas!
As minhas mãos, outrora carinhosas,
Pairavam como pombas... Quem soubera
Porque tudo passou e foi quimera,
E porque os muros velhos não dão rosas!
São sempre os que recordo que me esquecem...
Mas digo para mim: ‘Não merecem...’
E já não fico tão abandonada!
Sinto que valho mais, mais pobrezinha:
Que também é orgulho ser sozinha,
E também é nobreza não ter nada!”
*Florbela Espanca*
Em “Sonetos”, Lisboa, Editora Europa-América, 4ª Edição, 1985, pág. 78.
Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera
Não me lembrar! Em tardes dolorosas
Eu lembro-me que fui a Primavera
Que em muros velhos fez nascer as rosas!
As minhas mãos, outrora carinhosas,
Pairavam como pombas... Quem soubera
Porque tudo passou e foi quimera,
E porque os muros velhos não dão rosas!
São sempre os que recordo que me esquecem...
Mas digo para mim: ‘Não merecem...’
E já não fico tão abandonada!
Sinto que valho mais, mais pobrezinha:
Que também é orgulho ser sozinha,
E também é nobreza não ter nada!”
*Florbela Espanca*
Em “Sonetos”, Lisboa, Editora Europa-América, 4ª Edição, 1985, pág. 78.
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