“Sugestão
Sede assim — qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Flor que se cumpre,
sem pergunta.
Onda que se esforça,
por exercício desinteressado.
Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados
e os soldados já frios.
Também como este ar da noite:
sussurrante de silêncios,
cheio de nascimentos e pétalas.
Igual à pedra detida,
sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
vivendo de nunca chegar a ser.
À cigarra, queimando-se em música,
ao camelo que mastiga sua longa
solidão,
ao pássaro que procura o fim do
mundo,
ao boi que vai com inocência para a
morte.
Sede assim qualquer coisa
serena, isenta, fiel.
Não como o resto dos homens.”
*Cecília Meireles*
Em “Poesias Completas de Cecília Meireles, Viagem, Vaga Música”, Rio de Janeiro,
Editora Civilização Brasileira - MEC, 1973.
Em “Poesias Completas de Cecília Meireles, Viagem, Vaga Música”, Rio de Janeiro,
Editora Civilização Brasileira - MEC, 1973.
3 comentários:
Estimada Elaine...
Dê antemão, peço-lhe mil desculpas por ocupar o
espaço compartilhando este poema,
que em especial, muito me toca a alma.
Creias, apenas estou a ocupá-lo,
por não ter outra opção de envio.
Prometo-lhe ser o último.
Deixo-te meu encantamento
pelas preciosidades que tens postado.
Meu sempre, terno abraço!
Soneto de Homenagem
Se há nesta vida um Deus para os acasos,
Que pela humanidade o bem reparte
Que te dê da fortuna a melhor parte
Que venturas te dê, sem lei nem prazos.
Eu, de alegrias tenho os olhos rasos
de lágrimas, querida, ao vir brindar-te
Quando vejo que até para saudar-te,
As flores se debruçam sobre os vasos.
O meu brinde é sumário, curto e breve
Se o nome que se quer, quando se escreve
Move-se a pena com traços ideais.
Um anjo como tu, quando se brinda
Tem-se a missão cumprida e a festa finda
Quebra-se a taça e não se bebe mais.
Antero Tarquínio de Quental
Elaine...
Volto a falar-te, agora para sanar uma dúvida a respeito
do poema "soneto de homenagem". Circula pela
internet (google), com o título "Brinde de Honra"
atribuído a Maurício Moreira. Contudo, pesquisando em
diversas páginas, o encontrei com o título
"Soneto de homenagem" como sendo de
"Antero Tarquíneo de Quental".
Até o momento conhecia como sendo dele.
Talvez com os teus conhecimentos literários,
possas a minha dúvida esclarecer.
Receba este comentário apenas como uma observação,
não sendo necessário publicá-lo.
Desde já meus sinceros agradecimentos.
Terno abraço!
Estimada BIluminado!
É raro encontrarmos fidelidade nas citações poéticas ou literárias existentes na web…
E, também, é com tristeza que constatamos que as citações não têm suas autorias preservadas...
Não sou uma conhecedora dos diversos movimentos literários brasileiro (Literatura de Informação, Barroco, Arcadismo, Romantismo – 1ª, 2ª e 3ª geração de escritores – Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-modernismo e Modernismo – 1ª, 2ª e 3ª fases) e movimentos literários português (Humanismo, Classicismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Simbolismo e Modernismo – 1ª e 2ª fases).
Como são vastíssimas as duas literaturas, não é mesmo?!...
A literatura lusitana é riquíssima e merece ser bem estudada e não tive tempo para me dedicar a ela. Sei apenas o que estudei nos idos de meu ensino médio...
A exemplo dos mestres portugueses, Gil Vicente, Camões, Pe. Antônio Vieira, Bocage, Camilo Castelo Branco, António Feliciano de Castilho, Antero de Quental se destacou na luso-literatura e contribuiu para a implantação das idéias renovadoras da denominada “Geração 1870” junto à Eça de Queirós, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão...
Antero de Quental foi um homem que viveu bem à frente do seu tempo e expressou em seus sonetos a sua inquietação religiosa e metafísica...
É considerado, ao lado de Bocage e Camões, os grandes sonetistas da literatura portuguesa.
Suas obras mais importantes, "Sonetos de Antero" (1861), "Primaveras Românticas"(1872), "Sonetos Completos" (1886) e "Raios de Extinta Luz" (1892).
Observa-se na bela e grandiosa lírica Anteriana uma apurada forma de escrita... Pesquisei muito antes de lhe responder, e, assim como você, encontro-me em dúvidas se o poema é dele, realmente... Muitos afirmam que sim...
Prometo-lhe que continuarei a pesquisar sobre o tema... Tão logo encontre resposta, falarei para você.
O “Soneto de Homenagem” também me emocionou! Fico imensamente feliz quando você enriquece o meu cantinho ao enviar os poemas que gosta. Espero que não seja o último!
Grata, grata, gratíssima!
Deixo-lhe o meu abraço fraternurento junto aos meus votos para que tenha uma noite abençoada!
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