segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

"Eu te amo

Sim eu te amo; porém nunca
saberás do meu amor;
a minha canção singela
traiçoeira não revela
o prêmio santo que anela
o sofrer do trovador!

Sim, eu te amo; porém nunca
dos lábios meus saberás,
que é fundo como a desgraça,
que o pranto não adelgaça,
leve, qual sombra que passa,
ou como um sonho fugaz!

Aos meus lábios, aos meus olhos
do silêncio imponho a lei;
mas lá onde a dor se esquece,
onde a luz nunca falece,
onde o prazer sempre cresce,
lá saberás se te amei!

E então dirás: 'Objeto
fui de santo e puro amor:
A sua canção singela,
tudo agora me revela;
já sei o prêmio que anela
o sofrer do trovador.

Amou-me como se ama a luz querida,
como se ama o silêncio, os sons, os céus,
qual se amam cores e perfumes e vida,
os pais e a pátria, e a virtude e a Deus!
'."   

*Antônio Gonçalves Dias*

Em “Nossos Clássicos, Gonçalves Dias”, São Paulo, Editora Agir, Vol. 18, 12ª Edição, 1985.

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