quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

 “Pablo Neruda (I)

Perdoa-me poeta.
Tão tarde o conheci.
Tantos cantores pelo mundo…
Para minha ignorância
eras mais um deles.

Foi assim que não pedi a Deus
poupar-te a vida
e ficares para sempre
semente viva, incorruptível,
de beleza excelsa e universal.

Ninguém me disse antes.
Ninguém me disse nada.
Ninguém me fez a doação fraterna
de um livro teu.

Perdida no meu sertão goiano,
só o teu nome, Pablo,
só o teu apelido crespo, Neruda,
chegaram a mim…
E eu a pensar que foste apenas
um grande poeta entre outros grandes…

Foi assim que não pedi ao Criador
poupar-te a vida
e ficares para sempre.

Semente viva e luminosa,
sementeira e semeador,
semeando o pão e o vinho
da tua poesia
na terra faminta, desolada e triste.


*Cora Coralina*
Em “MEU LIVRO DE CORDEL”, São Paulo, Global Editora, 11ª Edição, 2002.

Nenhum comentário: