quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O tempo corre, passam-se os dias, e o ano vai rapidamente chegando a seu termo;
mais algumas semanas e ele cairá na eternidade
como um grão de areia na ampulheta das horas.

A comparação não tem nada de novo, é muito antiga;
mas por isso mesmo acho-a excelente para um ano velho e caduco,
que está tão próximo a deixar-nos, que os historiadores já se preparam
para disseca-lo e fazer-lhe autópsia.

Assim, esse pouco tempo que nos resta é consagrado ao adeus e às despedidas.
Tudo se despede, e os dias vão correndo de despedida em despedida
até que chegue o momento de dizermos a este ano, como se diz no Barbeiro de Sevilha
ao massante D. Basílio: Buona sera, mio signor.

[...]

*José de Alencar*
Fragmento da crônica XII, publicada no “Correio Mercantil”, de 26 de novembro de 1854. 

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