“Dezembro
Feliz Dezembro!
Profusão de verdes novos
As cajazeiras todas se enfolharam,
Sobre os telhados voando as andorinhas;
Feliz Dezembro!
Como vai florido este verão!
Sombra de nuvem corre pela estrada,
Sombras de árvores curvando
se recuam, rastejam:
Negros escravos do sol;
Eu vejo os subúrbios tranqüilos,
A paz dominical entre os homens e as coisas,
As casas brancas de telhados de biqueira
E fico a pensar e a sentir
Dentro da minha tristeza espiritualizada.
Tenho a suspeita de um talvez feliz,
Vaga incerteza de um prazer antigo.
Ah! Desejo de lembrar coisa esquecida,
Raras, remotas, imprecisas volúpias
de segredo e de saudade.”
*Joaquim Cardozo*
Em “Poesia Completa e Prosa - Volume Único”, Rio de Janeiro,
Editora Nova Aguilar e Editora Massangana, 1ª Edição, 2008.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
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