domingo, 25 de outubro de 2015

Desvio

Podemos marcar um desencontro.
Eu mando a carta,
fico sem resposta,
você sai do jogo,
eu faço a aposta,
tentamos a canção, mas desafina;
rezamos a oração, mas descombina,
o beijo desvia e escorrega,
a palavra tropeça e foge à regra,
eu escolho o sol – você a bruma,
voltamos sempre ao lugar-comum.
Eu desajeito, você desarruma,
Nós dois: motivo algum.


*Flora Figueiredo*
Em “Limão Rosa”, São Paulo, Novo Século Editora, 1ª Edição, 2009.

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