domingo, 25 de agosto de 2013

Despedida

No momento cruel da despedida,
Gelado o lábio, mudo, hirto, sem ar,
Eu vi sua alma, de ilusões despida,
Tremer à luz de seu tão triste olhar.

E eu não chorei… Seu peito ᅳ a alva guarida
De minha alma ᅳ chorava em doudo arfar…
E eu não chorei, mas eu senti a vida
Das lágrimas ao peso se curvar!…

Saí, andei, corri, parei cansado.
Voltei-me e longe, longe eu vi asinha
ᅳ Garça de amor fugindo pr’a o passado

Branca, pura, ideal, ᅳ sua casinha -
E as lágrimas de amor deixei ᅳ domado ᅳ
Constelarem da dor a noite minha!


*Euclides da Cunha*

Em “Euclides da Cunha: Poesia Reunida”, São Paulo, Editora UNESP, 1ª Edição, 2009.

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite, Elaine.

Toda despedida é uma ponte no rio da vida que atravessamos.

Linda escolha do poema.

Ótima semana para você!

Elaine Bastos disse...

"Toda despedida é uma ponte no rio da vida que atravessamos"; ou... um multiplicar de sentires em nossa alma...
Um sorriso largo para você, Moacir...