quinta-feira, 1 de agosto de 2013

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Já vê que não sou nada
 
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Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões,
uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida,
uma indiferente a transbordar de ternura.
Grave e metódica até à mania, atenta a todas as subtilezas
d'um raciocínio claro e lúcido, não deixo, no entanto,
de ser uma espécie de D. Quixote fêmea a combater moinhos de vento,
quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a pedir novas mentiras à vida,
num dom de mim própria que não acaba, que não desfalece, que não cansa.
Toda, enfim, nesta frase a propósito de Delteil:
‘Três simple avec son enthousiasme à sa droite et son désespoir à sa gauche’.

 
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*Florbela Espanca*
Trecho de uma carta escrita ao Dr. Guido Battelli,
em 27 de julho de 1930 - SOMBRIO, 1947, pág. 35.

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