sexta-feira, 24 de julho de 2015

O riso

                              ‘Ri, coração, tristíssimo palhaço’.
                         (Cruz e Sousa)


O Riso – o voltairesco clown – quem mede-o?!
– Ele, que ao frio alvor da Mágoa Humana,
Na Via-Láctea fria do Nirvana,
Alenta a Vida que tombou no Tédio!

Que à Dor se prende, e a todo o seu assédio,
E ergue à sombra da dor a que se irmana
Lauréis de sangue de volúpia insana,
Clarões de sonho em nimbos de epicédio!
Bendito sejas, Riso, clown da Sorte
– Fogo sagrado nos festins da Morte
– Eterno fogo, saturnal do Inferno!

Eu te bendigo! No mundano cúmulo
És a Ironia que tombou no túmulo
Nas sombras mortas de um desgosto eterno!


*Augusto dos Anjos*
Em “eu E OUTRAS POESIAS - AUGUSTO DOS ANJOS”, Rio de Janeiro, 
Editora Civilização Brasileira, 41ª Edição, 1997.

Nenhum comentário: