“Desejo
Quero-te ao pé de mim na hora de morrer,
Quero, ao partir, levar-te, todo suavidade,
Ó doce olhar de sonho, ó vida dum viver
Amortalhado sempre à luz duma saudade!
Quero-te junto a mim quando meu rosto branco
Se ungir da palidez sinistra do não ser,
E quero ainda, amor, no meu supremo arranco
Sentir junto ao meu seio teu coração bater!
Que seja a tua mão branda como a neve
Que feche meu olhar numa carícia leve
Num perpassar de pétala de lis...
Que seja a tua boca rubra como o sangue
Que feche a minha boca, a minha boca exangue!...
.....................................................................
Ah, venha a morte já que eu morrerei feliz!...”
*Florbela Espanca*
Em “Florbela Espanca - Poesia Completa”, Lisboa, Bertrand Editora, 1ª Edição, 2009.
Quero-te ao pé de mim na hora de morrer,
Quero, ao partir, levar-te, todo suavidade,
Ó doce olhar de sonho, ó vida dum viver
Amortalhado sempre à luz duma saudade!
Quero-te junto a mim quando meu rosto branco
Se ungir da palidez sinistra do não ser,
E quero ainda, amor, no meu supremo arranco
Sentir junto ao meu seio teu coração bater!
Que seja a tua mão branda como a neve
Que feche meu olhar numa carícia leve
Num perpassar de pétala de lis...
Que seja a tua boca rubra como o sangue
Que feche a minha boca, a minha boca exangue!...
.....................................................................
Ah, venha a morte já que eu morrerei feliz!...”
*Florbela Espanca*
Em “Florbela Espanca - Poesia Completa”, Lisboa, Bertrand Editora, 1ª Edição, 2009.
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