quinta-feira, 2 de julho de 2015

“Sunt lacrimae rerum et mentem mortalia tangunt”...

Lacrimae Rerum 
 

                                          (A Tommazzo Cannizzarro)
 
Noite, irmã da Razão e irmã da Morte,
Quantas vezes tenho eu interrogado
Teu verbo, teu oráculo sagrado,
Confidente e intérprete da Sorte!

Aonde vão teus sóis, como corte
De almas inquietas, que conduz o Fado?
E o homem porque vaga desolado
E em vão busca a certeza, que o conforte?

Mas, na pompa de imenso funeral,
Muda, a noite, sinistra e triunfal,
Passa volvendo as horas vagarosas...

É tudo, em torno a mim, dúvida e luto;
E, perdido num sonho imenso, escuto
O suspiro das cousas tenebrosas...


*Antero de Quental*
Em “Antero de Quental - Sonetos Completos”, Porto, Lello Editores, Edição/reimpressão, 1983.

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