sexta-feira, 17 de julho de 2015

A Cristo Nosso Senhor Crucificado, falando um pecador nos últimos da vida

Meu Deus, que estais pendente de um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro:

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer;
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai manso Cordeiro.

Mui grande é o vosso amor e meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.


*Gregório de Matos Guerra*
Em “Crônica do viver baiano seiscentista – obra poética completa (volume 1)”, Rio de Janeiro, 
Editora Record, 4ª edição, 1999, pág. 169.

Nenhum comentário: