quinta-feira, 25 de julho de 2013

Calmaria

Água estagnada
nuvem parada,
folha perdida,
pássaro de asa
partida.

Ó vento que morreis,
de leve, de leve,
despertai!

Luz que se apaga,
sombra diluída,
névoa que vaga,
voz que se cala,
ferida.

Ó voz que adormeceis
de manso, de manso,
gritai, gritai!

Tímida esperança,
pálido desejo:
a tarde tão mansa,
tão lânguida a noite
que vem.

Ó alma náufraga,
como tudo o mais:
desesperai!


*Emílio Moura*

Em “Poesias de Emílio Moura”, Belo Horizonte, Editora Art, 1ª Edição, 1991.

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