sábado, 22 de abril de 2017

Soneto

Soneto! Mal de ti falem perversos
que eu te amo e te ergo no ar como uma taça.
Canta dentro de ti a ave da graça
na gaiola dos teus quatorze versos.

Quantos sonhos de amor jazem imersos
Em ti que és dor, temor, glória e desgraça?
Foste a expressão sentimental da raça
de um povo que viveu fazendo versos.

Teu lirismo é a nostálgica tristeza
dessa saudade atávica e fagueira
que no fundo da raça nós verteu

a primeira guitarra portuguesa
gemendo numa praia brasileira
naquela noite em que o Brasil nasceu...


*Menotti del Picchia*
Em “Grandes sonetos da nossa língua (Organização de José Lino GRUNEWALD)”, 
Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira,  2ª Edição, 1987.

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