domingo, 9 de abril de 2017

[…]
 
 Há muita coisa a dizer que não sei como
dizer. Faltam as palavras.
Mas recuso-me a inventar novas:
as que existem já devem dizer o que se consegue dizer e o que é proibido.
E o que é proibido eu adivinho. Se houver força.
Atrás do pensamento não há palavras: é-se. Minha pintura não tem palavras: 
fica atrás do pensamento. Nesse terreno do é-se sou puro êxtase
cristalino. É-se. Sou-me. Tu te és.
 
[…]

*Clarice Lispector*
Em “Água Viva”, Editora Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 1ª Edição, 1998.

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