domingo, 9 de abril de 2017

 
Pedras

Eu vi as pedras nascerem,
do fundo do chão descobertas.
Eram brancas, eram róseas,
̵  tênues, suaves pareciam,
mas não eram.

Eram pesadas e densas,
carregadas de destino,
para casas, para templos,
para escadas e colunas,
casas, plintos.

Dava a luz da aurora nelas,
inermes, caladas, claras,
̵  matéria de que prodígios?  ̵
ali nascidas e ainda
solitárias.

E ali ficavam expostas
ao mundo e às horas volúveis
para, submissas e dóceis,
terem outra densidade:
como nuvens.


*Cecília Meireles*
Em “Poemas Escritos na Índia”, São Paulo, Editora Global, 1ª Edição, 2014.

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