domingo, 15 de janeiro de 2017

O acendedor de lampiões

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:  –
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
” 

*Jorge de Lima*
Em “JORGE DE LIMA: POESIA COMPLETA 
(Org. Alexei Bueno e texto crítico Marco Lucchesi [et al.])”, 
Vol. Único, Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar S/A., 1ª Edição, 1997.

Nenhum comentário: