domingo, 3 de abril de 2016

Soneto de Véspera

Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto te esperar, que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?

Que beijo teu de lágrimas terei
Para esquecer o que vivi lembrando
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer porque chorei?

Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória  imensa
Que a distância criou − fria de vida

Imagem tua que eu compus serena
Atenta ao meu apelo e à minha pena
E que quisera nunca mais persista…


*Vinicius de Moraes*
Em “LIVRO DE SONETOS”, São Paulo, Editora Companhia da Letras, 1ª Edição, 2009.

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