domingo, 24 de abril de 2016

Romance

Na névoa da manhã, tranqüila e suave
Vieste do fundo incerto do passado;
Ainda tinhas o mesmo passo de ave,
E o mesmo olhar magoado...

Entre os rosais vermelhos tua boca
Era a rosa mais linda e mais vermelha;
E como, em torno dela, inquieta e louca,
Ia e vinha uma abelha!

Mas não paraste, como antigamente,
Nem me estendeste a leve mão dolente,
A leve mão de irmã.

Passaste... E, pelos campos, que alegria!
Pássaros, águas, plantas, tudo ria
Na névoa da manhã...

  
*Ronald de Carvalho*

Em “POEMAS E SONETOS”, Rio de Janeiro, Editôres Leite Ribeiro & Maurillo, 2ª Edição, 1923.
(A ortografia foi atualizada)

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