quinta-feira, 12 de março de 2015

A Serenata

                                            À D. Olga de Suckow

Plenilúnio de Maio em montanhas de Minas!
Canta, ao longe, uma flauta e um violoncelo chora.
Perfuma-se o luar nas flores das campinas,
sutiliza-se o aroma em languidez sonora.

Ao doce encantamento azul das cavatinas,
nestas noites de luz mais belas que a aurora,
as errantes visões das almas peregrinas
vão voando a cantar pela amplidão afora...

E chora o violoncelo e a flauta, ao longe, canta.
Das montanhas, cantando, a névoa se levanta,
banhada de luar, de sonhos, de harmonia.

Com o profano rumor, porém, desponta o dia,
e na última porção da névoa transparente
a flauta e o violoncelo expiram lentamente.


*Augusto de Lima*
Em “Poesias”, Rio de Janeiro, Editora H. Garnier, 1ª Edição, 1909,  pág. 185.

Nenhum comentário: