“Os meus pecados
Peço perdão, Senhor, se, por fraqueza,
Dentro em meu peito a flor das culpas viça.
Sei que me lançarás tua justiça
Sobre a tartárea furna em chama acesa:
Tendo-a nos braços, ardo de avareza
De tê-la; e, ao ver-lhe a forma alva e roliça,
Os meus olhos se arrastam com preguiça
Por montes e por vales de beleza!
Se o doido ciúme a cólera me açula,
Quebra a luxúria os nervos exaltados,
E a minha ação em lágrimas se anula…
Sinto inveja de Ti, somente, e, sob brados,
Mostro-a, beijando-a, numa insana gula,
Orgulhoso, Senhor, dos meus pecados!”
*José Maria Goulart de Andrade*
Em “Poesias, 1900-1905, Primeira Série (Livro Bom – Livro Prohibido –
Livro Íntimo)”, Rio de Janeiro, H. Garnier Livreiro-Editor, 1907.
sábado, 19 de junho de 2021
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