domingo, 16 de julho de 2017

Deixa-me seguir para o mar

Tenta esquecer-me… Ser lembrado é como
evocar Um fantasma… Deixa-me ser
o que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo…

Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
me recamarei de estrelas como um manto real,
me bordarei de nuvens e de asas,
às vezes virão a mim as crianças banhar-se…

Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir… é seguir para o Mar,
as imagens perdendo no caminho…
Deixa-me fluir, passar, cantar…

Toda a tristeza dos rios
é não poder parar!


*Mario Quintana*
Em “Baú de espantos”, São Paulo, Editora Globo, 2ª Edição, 2006.

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