sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A CARNE
  
Exiges. É ciumenta e egoísta. Não admites
qualquer rivalidade, ou que algo te suplante.
És forte e audaz no teu domínio sem limites…
capaz de transformar a vida num instante,
 
És mísera e brutal. Mas, nada obsta que agites
e açambaques o mundo, e que essa alucinante
e estranha sensação que aos humanos transmites,
tenha, como nenhuma, um halo deslumbrante.

Oh, carne que possuis no teu imo maldito
mais lodo que contém num charco pantanoso,
mais esplendor, também, que os astros do Infinito…

Rugindo de volúpia e de sensualidade,
espalhando na terra apoteoses de gozo,
ó, carne, serás tu a única verdade?


*Adelaide Schloenbach Blumenschein*
Em “Inverno em Flôr”, São Paulo, Editôra Cupolo Ltda., 1ª Edição, 1959.

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