quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Vesperal

E, contudo, é bonito
O entardecer.
A luz poente cai do céu vazio
Sobre o tecto macio
Da ramagem
E fica derramada em cada folha.
Imóvel, a paisagem
Parece adormecida
Nos olhos de quem olha.
A brisa leva o tempo
Sem destino.
E o rumor citadino
Ondula nos ouvidos
Distraídos
Dos que vão pelas ruas caminhando
Devagar
E como que sonhando,
Sem sonhar…


*Miguel Torga*
Em “Diário XIV”, Coimbra, Coimbra Editora, 1ª Edição, 1987.

Nenhum comentário: