domingo, 8 de julho de 2018

Fragmentos...

Moinho do tempo

[...]

Tanta pobreza a contornar.
Tanto sonho irrealizado, tanto abandono.
Tanta água de sonho puxado do poço da imaginação...

Valiam as velhas, seus adágios de sustentação:
Conter e reprimir os jovens, dar-lhes esperanças, ensinar-lhes a paciência,
a vontade de Deus.
E a gente a querer abrir uma brecha naquela muralha parda de pobreza e limitação.

Hoje sobrará para todos mil cruzeiros.
Me faltando sempre o vintém da infância.
Bem por isso mandei fazer um broche de um vintém de cobre e preguei no meu vestido do lado do coração.


[...]

*Cora Coralina*
Em “Vintém de Cobre: meias confissões de Aninha”, São Paulo, Editora Global, 10ª Edição, 2013.

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