domingo, 20 de novembro de 2016

Noite de saudade

A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Por que és assim tão esscura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!


*Florbela Espanca*
Em “POESIA DE FLORBELA ESPANCA: TROCANDO OLHARES, LIVRO DELE E
LIVRO DAS MÁGOAS
”, São Paulo, Editora L&Pm Editores, 1ª Edição, 2002.

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