terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Natal

Jesus nasceu! Na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas
No berço humilde em que nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na Cruz.

Sobre a palha, risonho e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vêde o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.

Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz desse lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presépio os guia,
Vem cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sôbre esta palha está quem salva o mundo,
Quem ama os fracos, quem perdoa o mal!

Natal! Natal! Em tôda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve, Deus da humildade e da pobreza,
Nascido numa pobre estrebaria.
”                

*Olavo Bilac*
Em “Vida e poesia de OLAVO BILAC”, São Paulo, Editora Novo Século, 5ª Edição, 2007.

Nenhum comentário: