“Realidade
Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorjeio de ninho,
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho.
Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada,
E a minha cabeleira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho.
Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...
Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei, se te perdi...”
*Florbela Espanca*
Em “Poemas de Florbela Espanca”, São Paulo, Editora Martins Fontes, 7ª Edição, 2005.
Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorjeio de ninho,
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho.
Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada,
E a minha cabeleira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho.
Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...
Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei, se te perdi...”
*Florbela Espanca*
Em “Poemas de Florbela Espanca”, São Paulo, Editora Martins Fontes, 7ª Edição, 2005.
2 comentários:
Rimance do Sofrimento
Tua dor nun riso esculpe-a.
Não chores teu pranto, vence-o,
porque há uma estranha volúpia
em se sofrer em silêncio.
Sê como o rio: entre tanta
urze e espinho flui, resvala.
Chora, mas finge que canta,
canta e rola, sofre e cala.
Vês o rio? As águas tontas
cortam-nas seixos, mas brando,
por sobre um leito de pontas
vai sofrendo e vai cantando.
Vai sofrendo, mas as mágoas
nos seus cânticos embala.
Minh'alma, sê como as águas:
canta e rola, sofre e cala.
Sê minh'alma à dor um cofre,
guarda-a avarenta e calada,
que a ventura de quem sofre
é sofrer sem dizer nada.
Menotti Del Picchia
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Os Rios
Magoados, ao crepúsculo dormente,
Ora em rebojos galopantes, ora
Em desmaios de pena e de demora,
Rios, chorais amarguradamente,
Desejais regressar... Mas, leito em fora,
Correis... E misturais pela corrente
Um desejo e uma angústia, entre a nascente
De onde vindes, e a foz que vos devora.
Sofreis da pressa, e, a um tempo, da lembrança...
Pois no vosso clamor, que a sombra invade,
No vosso pranto, que no mar se lança,
Rios tristes! agita-se a ansiedade
De todos os que vivem de esperança,
De todos os que morrem de saudade...
Olavo Bilac
Estimada Elaine,
Deixo-lhe meu terno e saudoso abraço.
Desejando que teus dias sejam
sempre, sempre abençoados!
Estimada BIluminado,
Bem haja por seu retorno a este espaço e pelos belos poemas, também!...
Miguel Torga, certa vez, em fevereiro de 1935, escreveu:
“Um amigo
Que belo é ter um amigo!
Ontem eram ideias contra ideias.
Hoje é este fraterno abraço a afirmar que acima das ideias estão os homens.
Um sol tépido a iluminar a paisagem de paz onde esse abraço se deu, forte e repousante.
Que belo e natural é ter um amigo!”
Isto, basta-nos...
Um fraternurento abraço para você!
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