segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Primavera

Ah! quem nos dera que isto, como outrora,
inda nos comovesse! Ah! quem nos dera
que inda juntos pudéssemos agora
ver o desabrochar da primavera!

Saíamos com os pássaros e a aurora,
e, no chão, sobre os troncos cheios de hera,
sentavas-te sorrindo, de hora em hora:
‘Beijemo-nos! amemo-nos! espera!’

E esse corpo de rosa recendia,
e aos meus beijos de fogo palpitava,
alquebrado de amor e de cansaço...

A alma da terra gorjeava e ria...
Nascia a primavera... E eu te levava,
primavera de carne, pelo braço!


*Olavo Bilac*

Em “Poesias”, Rio de Janeiro, 27ª Edição, Editôra Paulo de Azevedo Ltda., 1961.

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