“Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
− que é uma questão
de vida ou morte −
será arte?”
*Ferreira Gullar*
Em “Poesia Completa, Teatro e Prosa (Volume Único)”, São Paulo, Editora Nova Aguilar, 1ª Edição, 2008.
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
− que é uma questão
de vida ou morte −
será arte?”
*Ferreira Gullar*
Em “Poesia Completa, Teatro e Prosa (Volume Único)”, São Paulo, Editora Nova Aguilar, 1ª Edição, 2008.
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