quinta-feira, 8 de maio de 2014

Chamo-Te

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que não quero ver.

Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado.


*Sophia de Mello Breyner Andresen*
Em “Obra poética”, Edição de Carlos Mendes de Sousa,
Alfragide (Portugal), Editorial Caminho, 2011, pág.201.

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