quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Soneto de Natal

Um homem, ᅳ era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, ᅳ
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga.

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração, mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?” 
 

*Machado de Assis* 

Em “Poesias completas (Crisálidas, Falenas, Americanas, Ocidentais)”,
São Paulo, Editora Mérito, 1959.

Nenhum comentário: