sexta-feira, 19 de junho de 2015

“Não sei qual é a minha idade: muda de minuto em minuto”...

Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece…
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.


*Vinicius de Moraes*

 Em “Poesia Completa e Prosa - volume único”, Rio de Janeiro, 
Editora  Nova Aguilar S/A, 4ª Edição, 2004.

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