“A’ NOITE
Eis-me a pensar, enquanto a noite envolve a terra;
Olhos fitos no vácuo, a amiga penna em pouso.
Eis-me, pois, a pensar… De antro em antro, de serra
Em serra, echoa, longo, um requiem doloroso.
No alto uma estrêlla triste as pálpebras descerra,
Lançando, noite dentro, o claro olhar piedoso.
A alma das sombras dorme; e pelos ares erra
Um mórbido languor de calma e de repouso…
Em noite assim, de repouso e de calma,
E’ que a alma vive e a dor exulta, ambas unidas,
A alma cheia de dor, a dor tão cheia de alma…
E’ que a alma se abandona ao sabor dos enganos,
Antegosando já chimeras presentidas
Que, mais tarde, hão - de vir com o decorrer dos annos.”
*Francisca Júlia da Silva Munster*
Em "Mármores", São Paulo, Horácio Belfort Sabino Editor, 1895.
Eis-me a pensar, enquanto a noite envolve a terra;
Olhos fitos no vácuo, a amiga penna em pouso.
Eis-me, pois, a pensar… De antro em antro, de serra
Em serra, echoa, longo, um requiem doloroso.
No alto uma estrêlla triste as pálpebras descerra,
Lançando, noite dentro, o claro olhar piedoso.
A alma das sombras dorme; e pelos ares erra
Um mórbido languor de calma e de repouso…
Em noite assim, de repouso e de calma,
E’ que a alma vive e a dor exulta, ambas unidas,
A alma cheia de dor, a dor tão cheia de alma…
E’ que a alma se abandona ao sabor dos enganos,
Antegosando já chimeras presentidas
Que, mais tarde, hão - de vir com o decorrer dos annos.”
*Francisca Júlia da Silva Munster*
Em "Mármores", São Paulo, Horácio Belfort Sabino Editor, 1895.
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