quinta-feira, 19 de junho de 2014

Soneto Melancólico

Quando o teu sol de luar de ti se esquece,
e seus raios, ausentes, se consomem
sobre o pesar, a nódoa, o abismo e a prece
da minha obscura circunstância de homem;

ou quando a sombra do teu dedo cobre
a minha estrada e a minha sede antigas,
e o teu rumor lava o meu mundo pobre,
com arco-íris, ovelhas e cantigas;

ou, no ar, a tua forma transeunte
relâmpagos escreve, e frutos, e ondas,
não sei o que suplique, nem pergunte,

e bebo o escuro do silêncio aberto,
por temer, ó manhã, que me respondas
tua escada de fogo e o meu deserto
.”

*Abgar Renault*

Em “OBRA POÉTICA ABGAR RENAULT”, Rio de Janeiro, Editora Record, 1ª Edição, 1990.

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